domingo, 21 de fevereiro de 2010

Centro do Choro e do Samba

foto tirada do 30ºandar do edifício JK por: Fabiana Carvalho (2008)
1. APRESENTAÇÃO

A arquitetura tem a possibilidade de se conectar a todos os campos da ação humana. Essa conexão pode ser impositiva, quando o arquiteto estipula as demandas sem um contato íntimo com aqueles a quem se destina seu trabalho; quando o saber não parte das vivências de uma relação direta entre arquiteto e o outro; ou mesmo quando este saber se coloca em uma relação hierárquica entre aquele que sabe (detêm o poder) e prescreve as soluções, e aquele, desprovido de poder, a quem uma solução artificial é imposta. Por outro lado, a vivência pode estabelecer uma ética mais justa e pertinente ao trabalho do arquiteto, através do contato direto, do diálogo sem mediação; assim a relação do arquiteto com o outro se torna mais permeável, íntima.
A música que brota das vivências de pessoas em um mesmo contexto pode ser ilustrada pela mesma idéia de intimidade. Quando pensamos na música dentro de uma relação de poder vêm à mente as imagens de um público sem nomes e sem rostos (massa), hit parades, indústrias, gravadoras e estações de rádio. Existe aí uma relação direta com a arquitetura “de poder”, na medida em que aqueles que detêm o instrumental impõem aos demais aquilo que irão ouvir.
Porque não pensar em um outro modo de ação da arquitetura? Porque não pensar em uma outra relação entre música e arquitetura? Porque não pensar em um público com rostos, e num outro com saber próprio? Nessa nova relação são dois saberes diferentes que procuram estabelecer uma nova intimidade. Desta intimidade é que devem brotar as soluções arquitetônicas para o trabalho que se pretende aqui, acerca da construção de um centro de vivências práticas e estudos teóricos sobre o samba e o choro.
O Centro de Estudos Práticos do samba e do choro é uma instituição que pretende traçar contatos entre as comunidades do samba e do choro com a classe média, visto em um lugar central, em um edifício que tradicionalmente faz parte da história física de Belo Horizonte.
O choro e o samba por sua vez são dois gêneros musicais mutuamente conectados e identificados com a construção da nacionalidade brasileira. Frequentemente ouvimos acerca da “tradição” do choro e do samba. Essa tradição nada mais é do que um saber criado a partir das relações dos homens no contexto das grandes cidades.
O presente trabalho tem como objetivo criar para Belo Horizonte um local capaz de atender à estudantes de música popular, comunidades carentes de samba, músicos atuantes neste mercado e a população carente de locais exclusivos para o fomento deste tipo de cultura. Tratando-se de um edifício com caráter histórico marcante, localização com grandes potencialidades, objetiva-se um estudo aprofundado no que tange à intervenção de bens tombados e acústica sonora. Assim, este trabalho caracteriza-se pela sua complexidade de conseguir partir das vivências próprias dos músicos de samba e choro, de preceitos limitados de intervenção à bens históricos, técnicas de acústica, estudo de recepção arquitetônica, para resultar em um projeto arquitetônico educacional, cultural.




Apresentação do Projeto:

Prancha de Fluxos


Conceito





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